sábado, 31 de dezembro de 2005

' Cativa-me!

'' - Quem és tu? - perguntou o principezinho - És bem bonita...
- Sou uma raposa - dise a raposa.
- Anda brincar comigo - pediu-lhe o principezinho. - Estou tão triste...
- Não posso ir brincar contigo - disse a raposa. - Ainda ninguém me cativou...
- Ah! Então, desculpa! - disse o principezinho.
Mas pôs-se a pensar, a pensar, e acabou por perguntar:
- «Cativar» quer dizer o quê?
- Vê-se logo que não és de cá - disse a raposa. De que andas tu à procura?
(...)
- Ando à procura de amigos. «Cativar» quer dizer o quê?
- É uma coisa de que toda a gente se esqueceu - disse a raposa. - Quer dizer «criar laços»...
- Criar laços?
- Sim, laços - disse a raposa. - Ora vê: por enquanto tu não és para mim senão um rapazinho perfeitamente igual a cem mil outros rapazinhos. E eu não preciso de ti. E tu também não precisas de mim. Por enquanto eu não sou para ti senão uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativares, passamos a precisar um do outro. Passas a ser único no mundo para mim. E eu também passo a ser única no mundo para ti...
- Parece-me que estou a perceber.
(...)
- Tenho uma vida terrivelmente monótona. (...) Por isso às vezes aborreço-me muito. Mas, se tu me cativares, a minha vida fica cheia de sol.
(...)
A raposa calou-se e ficou a olhar para o principezinho durante muito tempo.
- Se fazes favor... C a t i v a - m e ! ''

(in ' O Principezinho)




2005 a terminar...
e agora é a altura do ano em que o mundo pára para pensar.. ou talvez não.
mas a parte do mundo que ainda pára.. relembra o ano..
pensa no que fez de mal.. pensa no que podia ter feito melhor..
pensa nas maravilhas que fez.. e nas muitas que poderia fazer..
pensa na simpatia e bondade que emanou no natal..
foi quantidade que baste para um ano inteiro!
assim.. esse não será um problema..
e continua o seu pensamento..
agora mais acelerado porque o tempo para festejar escasseia..
então lembra-se dos sonhos que tinha no início do ano..
das promessas que fez para o novo ano.. agora usado e gasto..
e procura a realização destes..
o sorriso esmorece.. percebe que o mundo não segue o rumo ideal..
mas como a época é de festejar.. e o tempo de pensar já está a terminar..
volta a colar-se um sorriso ao rosto um ano mais velho..
esquece-se as desilusões passadas..
e volta a sonhar! volta a prometer!
e os segundos continuam a passar.. o tempo não perdoa..
nem mesmo uma tão nobre e bela intensão!
assim sendo..
está quase a esgotar o ano!
e chegar à felicidade é o único objectivo!
..
3
2
1





...
..
.





apenas desejo uma coisa..
e é mesmo uma só..
desejo-a a mim.. mas principalmente ao mundo..
sei que existem muitos pedidos imensamente urgentes e importantes..
pedidos puros e românticos..
pedidos doces e caridosos..
eu apenas peço uma coisa..
uma coisa que considero de eminente relevo..


desejo que todos..
desejo que o mundo..



..seja C a t i v a d o !
..e se C a t i v e !

sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

..alegria



(by Cauba)









A alegria tem uma vergonha que é só dela e é malcriado proclamá-la.
Ou, pelo menos, cria a impressão de dar azar.
Parece existir, no contrato existencial, uma obrigação para com a tristeza que não destoe do mau estado do mundo e do sofrimento humano.
(Miguel Esteves Cardoso in DN)











..mas parece que nesta altura do ano tudo é alegria..
que os corações se enchem de bondade como por magia.. parece..
ou talvez seja apenas o resultado de uma procura remissora de todos os pecados..
talvez seja a vontade de usar algo que não se usa todos os dias.. o amor
ou o Pai Natal só se lembra de dar corações no Natal?

domingo, 11 de dezembro de 2005

..equilíbrio?


(image by Cauba - The Whole Universe Inside Us)





Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.

- Como quereis o equilíbrio?
(David Mourão-Ferreira)







momentos de equilíbrio..
momentos de ilusões..
ah.. mas que momentos de eternidade!
que momentos falsamente perpétuos..
mas que falsidade tão confortante..
que falsidade tão divina..

dois pares e meio de asas..
e a metade que falta?
é a condição humana que nos aprisiona..
é a metade que tantos procuram..
é..








..sabe bem voltar a sorrir! =)

sexta-feira, 25 de novembro de 2005

..not believing

(photo by Cauba)






The Age Of Not Believing
(Disney)

When you rush around in hopeless circles,
searching everywhere for something true,
you’re at the age of not believing,
when all the make-believe is through.

When you’ve set aside your childhood heroes
and your dreams are lost upon a shelf,
you’re at the age of not believing
and, worst of all, you doubt yourself.

You’re a castaway where no one hears you
on a barren isle in a lonely sea.
Where did all the happy endings go?
Where can all the good times be?

You must face the age of not believing,
doubting everything you ever knew,
until at last you start believing
there’s something wonderful in you.

You’re at the age of not believing
and, worst of all, you doubt yourself.

(...)






..the age of not believing..
quando é que terminará?

sábado, 12 de novembro de 2005

Que fiz eu.. ?


(pic by unknown)







Chove. Que fiz eu da vida ?

Chove. Que fiz eu da vida?

Fiz o que ela fez de mim...
De pensada, mal vivida...
Triste de quem é assim!

Numa angústia sem remédio
Tenho febre na alma, e, ao ser,
Tenho saudade, entre o tédio,
Só do que nunca quis ter...

Quem eu pudera ter sido,
Que é dele? Entre ódios pequenos
De mim, estou de mim partido.
Se ao menos chovesse menos!

F.Pessoa, 23-10-1931







mais palavras?
para quê?
se tudo o que possa hipoteticamente vir a escrever não é necessário..
se todos os turbilhões de pensamentos e sentimentos já se reflectem por si sós..
às vezes a vida parece ser assim..
refexo de reflexos..
imagem reflectida infindavelmente num espelho partido..
desfeito em mil cacos..
pisado por pés de movimentos mecânicos..






..e passados 30 dias.. regressa
..o tempo parece ser pouco
..mas agora os testes 'terminaram'.. =)

- P&E tão lá! x) -

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

.. e nunca vou por ali ..

(pic by Cauba)






CÂNTICO NEGRO
(José Régio)

"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
--- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha Loucura!

Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou,
--- Sei que não vou por aí.






li este poema de J Régio há algum tempo..
e.. o que dizer?..
se tudo o que nele está escrito é a mais pura realidade..
e cada vez mais se repete..
podem até dizer que não deveria reagir assim..
que afinal..
não é assim tão mau confinar.me às regras inventadas da sociedade..
mas não sou capaz de me abituar às rotinas mecânicas..
aos sorrisos apagados de qualquer sentimento..
às amizades de horas vagas apenas..
e quando tento entender..
quando tento perceber o porquê de todas estas cópias e colagens..
a realidade parece ainda mais surreal..
e é mais notório que o arco-íris generalizado tem uma paleta de cores muito reduzida..






e há tanto tempo que não actualizada este meu cantinho..
mas a escola já começou a sério..
e com ela as actividades extras..
e asism.. o tempo fica cada vez mais reduzido às obrigações..

terça-feira, 27 de setembro de 2005

tenta pensar..



numa lista..

(image by unknown)




Faz uma lista de grandes amigos..
Quem mais vias há dez anos atrás?
Quantos ainda vês todos os dias?
Quantos já nem sequer encontras..
Faz uma lista dos sonhos que tinhas..
Quantos desististe de sonhar?
Quantos amores jurados para sempre..
Quantos conseguiste preservar?
Onde ainda te reconheces?
Na foto passada ou no espelho de agora..
Hoje és como achaste que serias?
Quantos amigos jogaste fora?
Quantos mistérios que sondavas..
Quantos conseguiste entender?
Quantos defeitos passaram com o tempo?
Eram o melhor que havia em ti..
Quantas mentiras condenavas?
Quantas tiveste que cometer..
Quantas canções que não cantavas?
Hoje assobias para sobreviver..
Quantos segredos que guardavas?
Hoje são passado ninguém quer saber..
Quantas pessoas que amavas?
Hoje acreditas que te amam?
(texto by unknown)





as coisas mudam..
o tempo passa..
e nunca é demais pensar no que deixámos para trás..
enquanto estamos ocupados a viver o presente..





a não perder:

- Eclipse Solar total em Bragança..

(o último eclipse solar total a ser observado em Portugal foi em 1912.. e tão proximamente tal não se repetirá.. a linha que delimita os locais em que o eclipse se apresentará totalmente passa pela cidade de Bragança.. é mesmo algo a não perder.. se não for em Bragança.. em qualquer outro ponto do país.. com as devidas precauções..)

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

todo o mundo num só..

(image by NASA)





Uma pedra de outro mundo noutro mundo vista de outro mundo diferente. Como a garrafa de água das pedras ao espelho, imagem de uma imagem, de uma imagem de outra imagem. Será o mundo assim? Reflexão de uma reflexão? Espelho de outro espelho? Cópia de outra cópia? Onde estará a nossa cópia? Nalgum planeta azul? Nalgum planeta cor de laranja? Caminharemos também aí erectos? Roubou também aí, Prometeu, o fogo? Talvez.
(texto por José Pacheco Pereira)







..quem saberá?
..é bem possível que a esta hora.. um planeta laranja.. com oceanos de limonada imensos.. em que o Sol e a Lua passeiam de mãos dadas.. e as pessoas caminham nas ruas coloridas e vivas com um sorriso no rosto.. enquanto os avós ensinam as crianças pequeninas a voar.. e estas são felizes por todo o Mundo..
..em que os dias passam com a rapidez das tardes de verão.. e as horas são alegres em todos os continentes..
..é bem possível..

sábado, 17 de setembro de 2005

haverá.. ?


N44F - Bolha estelar

Este objecto cósmico, designado por N44F, é uma bolha de gás formada a partir de ventos fortíssimos gerados por uma estrela muito quente existente no seu interior. Em comparação com o nosso Sol, esta estrela está a emitir, por segundo, 100 milhões de vezes mais massa. Esta tempestade cósmica atinge velocidades da ordem de 7 milhões de kilómetros por hora. Os ventos gerados colidem com o gás envolvente, formando a bolha visível na imagem. N44F situa-se na nossa galáxia vizinha Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 160000 anos-luz de distância. (texto por portaldoastronomo)

(image by NASA -Hubble Space Telescope)






Porque
(Sophia de Mello Breyner Andresen)

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão
à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.






..haverá alguém assim?
onde estiveres.. mostra-te!
são necessárias pessoas como tu..

sábado, 10 de setembro de 2005

..astronomia

(image by NASA)




quina do Tempo
(Alberto Caeiro)

O Universo
é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,

esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.






a astronomia..
a astrofísica..
ambas ciências muito actuais..
e ambas fascinam e deslumbram até o mais simples dos amadores..
não sou nenhuma expert..
apenas poderei mostrar a 'curiosidade' que possuo..





Porque é que se diz que somos filhos das estrelas?

Inicialmente o Universo era constituído por apenas dois elementos: Hidrogénio e Hélio. Os átomos destes dois elementos são muito simples, pois o seu núcleo possui apenas um protão, no caso do Hidrogénio, e dois protões mais dois neutrões, no caso do Hélio. A vida, tal como a conhecemos, é constituída por compostos químicos com base no Carbono, que tem seis protões e seis neutrões no seu núcleo. Então de onde vieram os protões e neutrões adicionais? O carbono, tal como todos os restantes elementos químicos até ao Ferro, é produzido no núcleo das estrelas, através das reacções de fusão nuclear. Quanto aos restantes, mais pesados que o Ferro, ou seja, com mais partículas no seu núcleo, são, na sua quase totalidade, criados nas explosões das estrelas gigantes, a que se dá o nome de supernovas. Assim, podemos afirmar que somos filhos das estrelas, porque os átomos que nos compõem foram criados nas estrelas. (texto por portaldoastronomo)





"Somos irmãos das rochas e primos das nuvens."
(Harlow Shapley)





..aqui deixo um site 'interessante'

quarta-feira, 31 de agosto de 2005

Ser

(image by Cauba)




Sou o fantasma de um rei
(Fernando Pessoa)

Sou o fantasma de um rei
Que sem cessar percorre
As salas de um palácio abandonado...
Minha história não sei...
Longe em mim, fumo de eu pensá-la, morre
A ideia de que tive algum passado...

Eu não sei o que sou.
Não sei se sou o sonho
Que alguém do outro mundo esteja tendo...
Creio talvez que estou
Sendo um perfil casual de rei tristonho
Numa história que um deus está relendo...









eu sou..
tu és..
eles são..
nós somos..

..somos?

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

viver..


(image by Cauba)




Basta Pensar em Sentir
(Fernando Pessoa)

Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
Meu coração faz sorrir
Meu coração a chorar.
Depois de parar de andar,
Depois de ficar e ir,
Hei de ser quem vai chegar
Para ser quem quer partir.

Viver é não conseguir.





viver é..

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Quando


Quando
Álvaro de Campos

Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.

O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.

Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei

Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.





---




às vezes faltam-nos as palavras..
e então..
basta abrir um livro numa página incerta..
e logo de uma obra imortal..
sentir a brisa de palavras..

foi o que decidi fazer..






---




cheguei dia 7 de um acampamento de 9 dias em España..
não há descrição possível..
o escutismo é definitivamente algo arrebatador..

sexta-feira, 29 de julho de 2005

Por vezes..


..por vezes tudo parece desmoronar
..parece impossível voltar a sorrir
..tudo fica cinzento
..perdemos o brilho no olhar
..já não temos certezas
..não é óbvio que o mundo é redondo
..nada faz sentido

..por vezes a única vontade é partir
..colocar o indispensável na mochila
..e seguir caminho
..sem olhar para trás
..sem ouvir as promessas banais
..sem pensar no passado

..por vezes o mais dificil tem de ser feito

..por vezes

..e quando a coragem ataca
..e a vontade é de olhar em frente
..e construir um novo rumo

..partimos

assim..
até dia 7..

..por vezes
..temos de abrir a asas e voar

domingo, 24 de julho de 2005

миємоиιc


(image by Cauba)




(porque à vezes em que não sabemos o que escolher..)

segunda-feira, 18 de julho de 2005

Verdadeiramente..



Verdadeiramente

verdadeiramente..
perfeitamente verdadeiro..
tudo te parece tão simples..
o universo gira ao teu redor..
as estrelas brilham para ti..
tens todos os sorrisos que desejas..
tens todas as verdades por descobrir..
tens tudo..
tudo menos o que profundamente procuras..
nem mil glórias de revelarão a única verdade que ambicionas..
sabes disso..
sabes que nada te fará merecer a realidade que pretendes..
mas continuas na tua incessante busca..
fingindo a ignorância..
continuando a sonhar..
mas..




::::::::::::::::::::::




acabadinha de chegar de um acampamento com os scouts..
é óptimo.. para pensar.. para respirar..
para estar com pessoas reais.. ou apenas realmente humanas..
talvez faça muito bem acordar com o canto dos pássaros..
e logo pela manhã reparar no Sol.. que está mais brilhante do que nunca..
ter a certeza de que o dia que ai vem vai valer a pena..
olhar à nossa volta e perceber que tudo é tão belo..
e que há pessoas que.. tal como nós.. gostam de ouvir a melodia dos pássaros..



ah!
já tenho o 6º livro! x)

quinta-feira, 14 de julho de 2005

..Que o meu vaidoso orgulho não comporta..


Fernando Pessoa
Se algm bater um dia à tua porta

Se alguém bater um dia à tua porta,
Dizendo que é um emissário meu,
Não acredites, nem que seja eu;
Que o meu vaidoso orgulho não comporta
Bater sequer à porta irreal do céu.

Mas se, naturalmente, e sem ouvir
Alguém bater, fores a porta abrir
E encontrares alguém como que à espera
De ousar bater, medita um pouco.
Esse era Meu emissário e eu e o que comporta
O meu orgulho do que desespera.
Abre a quem não bater à tua porta.



::::::::::::::::::::::




sou orgulhosa..
pronto.. está dito!
erro.. falho..
sei disso..
mas o meu orgulho nem sempre é tão compreensível..
ao ponto de permitir que tente retoceder..
é impossível fazê-lo.. poderias dizer agora..
mas o teu orgulho não é tão condescendente..
e assim..
o momento certo para falar ficou há muito para trás..
e o tempo exacto passou..
e mais uma vez..
o "vaidoso orgulho" venceu..
quem sabe..
talvez as horas que passaram..
que passam e continuarão a passar..
não o levarão à derrota..
e o poderoso orgulho não seja ferido..


orgulhosa.. porquê?

domingo, 10 de julho de 2005

Sabes..

(image by seekyledraw)

..cauba
Sabes..

sonho libertar-me de ti..
ao acordar..
desperto para a realidade..
levada pelo peso destas correntes..
que me prendem ao presente..
que desejo ser passado..

sabes..
sabes que os meus dias são passados numa prisão..
trancada numa sala..
cuja chave eu própria deitei fora..
em dias de ilusão..

sabes..
mas não te importas..
não te interessa se as minhas asas estão cortadas..

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Reticências


Álvaro de Campos
Reticências

Arrumar a vida, pôr prateleiras na vontade e na ação.
Quero fazer isto agora, como sempre quis, com o mesmo resultado;
Mas que bom ter o propósito claro, firme só na clareza, de fazer qualquer coisa!

Vou fazer as malas para o Definitivo,
Organizar Álvaro de Campos,
E amanhã ficar na mesma coisa que antes de ontem — um antes de ontem que é sempre...
Sorrio do conhecimento antecipado da coisa-nenhuma que serei.
Sorrio ao menos; sempre é alguma coisa o sorrir...
Produtos românticos, nós todos...
E se não fôssemos produtos românticos, se calhar não seríamos nada.
Assim se faz a literatura...
Santos Deuses, assim até se faz a vida!

Os outros também são românticos,
Os outros também não realizam nada, e são ricos e pobres,
Os outros também levam a vida a olhar para as malas a arrumar,
Os outros também dormem ao lado dos papéis meio compostos,
Os outros também são eu.
Vendedeira da rua cantando o teu pregão como um hino inconsciente,
Rodinha dentada na relojoaria da economia política,
Mãe, presente ou futura, de mortos no descascar dos Impérios,
A tua voz chega-me como uma chamada a parte nenhuma, como o silêncio da vida...
Olho dos papéis que estou pensando em arrumar para a janela,
Por onde não vi a vendedeira que ouvi por ela,
E o meu sorriso, que ainda não acabara, inclui uma crítica metafisica.
Descri de todos os deuses diante de uma secretária por arrumar,
Fitei de frente todos os destinos pela distração de ouvir apregoando,
E o meu cansaço é um barco velho que apodrece na praia deserta,
E com esta imagem de qualquer outro poeta fecho a secretária e o poema...
Como um deus, não arrumei nem uma coisa nem outra...



::::::::::::::::::::::



não sei porquê.. mas hoje não consigo escrever.. ou tentar escrever nada..
ou talvez saiba.. e não queira saber..
bem.. o certo é que os poemas de Pessoa são para mim.. não sei..
talvez.. me reveja neles por vezes..
encontrei este.. por acaso..
é lindo..
aconselho.. =)



listening :: Epiphany [5*]
feeling :: just like i'm not me..

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Let Me Go


"Let Me Go"

(3 DOORS DOWN)

One more kiss could be the best thing
But one more lie could be the worst
And all these thoughts are never resting
And you're not something I deserve

In my head there's only you now
This world falls on me
In this world there's real and make believe
And this seems real to me

[Chorus]

You love me but you don't know who I am
I'm torn between this life I lead and where I stand
And you love me but you don't know who I am
So let me go
Let me go

I dream ahead to what I hope for
And I turn my back on loving you
How can this love be a good thing
When I know what I'm goin through

In my head there's only you now
This world falls on me
In this world there's real and make believe
And this seems real to me

[Chorus]

You love me but you don't know who I am
I'm torn between this life I lead and where I stand
You love me but you don't know who I am
So let me go
Just Let me goo...
Let me go

And no matter how hard I try
I can't escape these things inside I know
I knowww...
When all the pieces fall apart
You will be the only one who knows
Who knows

[Chorus]

You love me but you don't know who I am
I'm torn between this life I lead and where I stand
And you love me but you don't know who I am
So let me go
Just let me go

And you love me but you don't
You love me but you don't
You love me but you don't know who I am
And you love me but you don't
You love me but you don't
You love me but you don't know me



::::::::::::::::::::::


às vezes a vontade é essa..
de deixar tudo para trás..
de esquecer..
e abrir os olhos para novos horizontes..
criar novos sonhos..
pintar um outro passado..
renascer das cinzas..
e construir uma nova fortaleza..
e quando essa força ataca..
tenho a coragem de um leão..
tenho a vontade de uma criança..
tenho tudo.. e sei que a vitória é certa..
mas um novo dia vem..
as convicções de ontem..
são agora cacos de uma peça de porcelana..
que deixei cair entre os meus dedos..
o meu descuido desperta-me para a minha realidade..
o que antes era certo..
agora está repleto de interrogações..
e ao olhar para o que me rodeia..
penso..
lembro..
repenso..
recordo..
e concluo..
decido que o que tenho é valioso demais..
tenho novamente medo de arriscar..
e prefiro tornar-me num barco inútil..
inútil..
porque preferi o porto seguro..
deixei fugir os meus tesouros..
os novos mundos que estavam para mim guardados..
e agora..
sou apenas madeira..
restos de um sonho fracassado..
preferi manter-me feliz..
na mediocridade do meu ser..
tive medo..
fracassei..
byCauba..

terça-feira, 5 de julho de 2005

Falas de Civilização

Alberto Caeiro
Falas de Civilização

Falas de civilização, e de não dever ser,

Ou de não dever ser assim.
Dizes que todos sofrem, ou a maioria de todos,
Com as cousas humanas postas desta maneira.
Dizes que se fossem diferentes, sofreriam menos.
Dizes que se fossem como tu queres, seria melhor.
Escuto sem te ouvir.
Para que te quereria eu ouvir?
Ouvindo-te nada ficaria sabendo.
Se as cousas fossem diferentes, seriam diferentes: eis tudo.
Se as cousas fossem como tu queres, seriam só como tu queres.
Ai de ti e de todos que levam a vida
A querer inventar a máquina de fazer felicidade!


algo melhor para estrear um blog fresquinho do que uma grande obra de um génio.. =)

é uma poesia que diz muito.. que dá muito em q pensar..

e isto é apenas o primeiro post deste nv blog.. já k o meu anterior.. o que deu o nm a este.. ñ estava em condições.. descanse em paz.. =)