quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O último post deve ter sido um momento de Epifania ou algo semelhante.
Ou então não é grande novidade que aos 21 se tem muito a crescer. Que profetisa de meia tigela eu sou.

Não sabes definir o Amor.
Nunca disseste Amo-te. Na primeira vez que estiveste quase a dizê-lo, na primeira vez que chegaste a engolir as palavras por pensares duas vezes antes de falar, na primeira vez que querias dizer Amo-te fizeste planos e tentaste encontrar um momento. A vida acontece, e aconteceu, e percebeste que se tinhas de o planear, não era para ser dito. Mesmo que parecesse a maior verdade naquele momento, mais verdade do que nunca antes, não era real.
Não é habitual para ti ter alguém especial, ser especial para alguém. E vais pensando ser especial enquanto conseguires manter a máscara, com as tintas cada vez mais aguadas. E vais pensando que aquela pessoa é especial. (É, tu não consegues é ver como.)
Brincar aos namoros vai ocupando tempo e entretendo. Acabar ali, recomeçar aqui pensando que milagres ocorrem, ou não pensado de todo. Porque nos livros e nos filmes os amores querem-se trágicos, dolorosos!, poéticos e dramáticos.
Aos 21 não consegues ver a diferença entre o papel ou o rolo de cinema e a beleza infinitamente maior de um pôr-do-sol real. Não nasceste com a idade certa.
Lembrei-me agora que é de ti gostar mais do nascer-do-sol do que da sua morte. Preferes a esperança e luz da manhã do que o sentimento de perda que todos os crepúsculos trazem consigo. Não é que não saibas ver a beleza do lusco-fusco, mas os fins sempre te assustaram.
E é isso: passaram os dois por demasiados fins. Mas tu tens um problema com fins. E nesta correria louca que foram vocês perdeste a noção de ti, das barreiras que tinhas, do verdadeiro terminar.
A vossa história foi uma contradição tua. Tudo aquilo que defendias, quebraste. A muralha que desde sempre construíste, traíste ao entregar a planta e o projecto, ao permitir que tijolo a tijolo de fossem descobrindo. A vossa história foi puro crescimento teu.
O sentimento amadurece, ou apenas deixas de esperar por um salvador do Quinto Império e a bruma de desvanece. E a amizade que guardas parece ser a pérola arrancada à sua ostra criadora, deixada à morte.
Mas ainda não consegues ser fiel àquela pessoa, e ver a sua verdadeira essência. Ainda não largaste o boneco que tão cegamente foste criando, mas que nunca será um menino de verdade.
Só queres que fique algo puro do que criaram.