quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

" Vemo-nos na estrada. "




sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Não tenho nada para rascunhar, mas apetece-me.
E isso basta, pelo menos aqui.
Não tenho razão aparente para coisa alguma, mas penso.
E isso basta, pelo menos nesta forma de existir.
Não tenho.
Só tenho a ilusão de ter o que quer que tenho a ilusão de ter, que isso não é para aqui relevante.
Só tenho a sensação que crio, a vida que a imaginação permite.
Mas é um ter que não é de posse.
Possuir? Neste planeta não possuis nada.
Desculpa ter tomado a fala na tua pessoa, vou voltar ao que me compete apenas, não quero que este meu estado de agora, que trata apenas duma momentânea variância do ser, duma estranha e contraditória vontade de ditar, duma provocação a mim; não quero que este meu estado de agora interfira com o teu estado de qualquer outro momento.
Não tenho nada.
Ou melhor: não tenho tudo, o que não implica que tenha nada, mas também não implica que tenha alguma coisa.
Fiquemos assim: sou humana.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Se for lido bem o poema.

Não há nada mau em realizar coisas.
E por realizar entenda-se o significado da outra língua.
Entender, compreender, perceber que...

Não é que só agora tenha realizado certas coisas.
Mas é estranho. Parece que foi um percurso que teve de ser concretizado.
Fases da vida.
Coisas necessárias.
Motivos de gargalhadas no futuro.

Sinto-me mais leve.
E penso que assim vai ser mais simples de voar.

Foste algo.
Foste.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

O pastor amoroso perdeu o cajado,
E as ovelhas tresmalharam-se pela encosta,
E de tanto pensar, nem tocou a flauta que trouxe para tocar.
Ninguém lhe apareceu ou desapareceu.
Nunca mais encontrou o cajado.
Outros, praguejando contra ele, recolheram-lhe as ovelhas.
Ninguém o tinha amado, afinal.
Quando se ergueu da encosta e da verdade falsa, viu tudo:
Os grandes vales cheios dos mesmos verdes de sempre,
As grandes montanhas longe, mais reais que qualquer sentimento,
A realidade toda, com o céu e o ar e os campos que existem, estão presentes.
(E de novo o ar, que lhe faltara tanto tempo, lhe entrou fresco nos pulmões)
E sentiu que de novo o ar lhe abria, mas com dor, uma liberdade no peito.

Alberto Caeiro