sábado, 30 de dezembro de 2006

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o rnundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...



Álvaro de Campos









Sim... Depois de amanhã serei melhor.
Depois de amanhã irei aprender a dizer sim, com um sorriso.
Depois de amanhã, no dia de escrever uma data diferente, com um ano diferente; nesse dia vou começar a viver.

(Porque é que soa sempre ao mesmo?)

Não sou capaz, porque simplesmente não sou capaz, de repensar em tudo outra vez.
É doloroso fazer a lista de desejos quando parece que o único objectivo desta é que estes supostos desejos não se realizem.
O que tenho percebido, assim (muito) mais ou menos, nestes anitos, é que o tempo a fazer a lista é mal empregue quando depois não se gasta N vezes mais tempo a concretizar a mesma lista, e se espera que tudo se cumpra como presente de bom comportamento.



Bom Ano Novo. (Sempre preferi o número seis ao sete. Mas veremos.)

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

If

You seem to find the dark when everything is bright.
You look for all that's wrong instead of all that's right.
Does it feel good to you to rain on my parade?
You never say a word unless it's to complain.
It's driving me insane...

If I were you, holding the world right in my hands,
the first thing I'd do is thank the stars for all that I have.
If I were you...

Look what surrounds you now more than you've ever dreamed.
Have you forgotten just how hard it used to be?
So what's it going to take for you to realize
it all could go away in one blink of an eye?
It happens all the time...

If I were you, holding the world right in my hands,
the first thing I'd do, is thank the stars above, tell the ones I love
that I do...


If I Were You - Hoobastank





Yeah yeah...
I know i'm completly blind, but there's nothing to do about it.


E agora deu-me o inglês... pois! ^^

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Fatalismos. hmpf!










E no final é tudo igual.
Para quê tentar tornar mais humano o pensamento?
Eu queria, eu pelo menos queria ser sensível. Dói ser egoísta; saber que sim, mas não conseguir tornar ideias úteis em acções.
Dói-me, mesmo. Não queria conseguir esquecer tudo tão facilmente.
Porque se todos nos importássemos... Todos saberíamos SER. Eu não sei.
Inútil! Porque sou daquelas pessoas que olham para cima, para o céu; daquelas pessoas que querem descobrir antes o infinito, mesmo sabendo que nem ao seu próximo são capazes de reconhecer humanidade.
É a miséria humana, o fundo mais fundo, mais longíquo, mais escuro, o ponto mais pequeno e despresável; o fundo de um poço que já não verte água há muito. (Terá secado, o poço?)
Dói pensar em tanta coisa. E há segundos... A verdade é que tenho segundos de coragem.
Tenho segundos em que quero mesmo olhar para o meu lado, quero mudar o que tracei para mim, e tornar-me humana.
Dou por mim nesses momentos, a pensar que se larga-se o calor fácil, as cores felizes, a inutilidade destas estúpidas ilusões... Talvez assim percebesse o que é ser feliz.
Mas sou fraca.
Este mundo tem tanto para aprender. Tenho tanto para aprender.
E estamos cada vez mais longe de algum dia entender a verdade...
O facto é, que aprendamos ou não o que é viver; sejamos ou não verdadeiramente humanos; tudo... deixará de fazer qualquer diferença! Porque mesmo que se domem os Homens, e as crises e disputas terminem, o Sol se fartará, o escuro imenso do universo que nunca conheceremos quererá ser luz, e tudo, tudo recomeçará de um Zero, sempre igual.
E no final dos cálculos complexos, deveremos obter uma equação bonita, que dirá que tudo o que fica é este ponto inicial... nada mais.


Argh! Acabei eu de ouvir repetidíssimas vezes que 'A Vida é Bela'.
É? Tem vezes.
Bem... o texto; (a pretensão a), ficou incompleto; não estivesse eu a metade também.
Talvez um dia decida voltar a ele, e constatar o que me vai pela mente em alturas como esta, (não, geralmente não decido ser fatalista pelo Natal). Talvez...
Mas duvido que algum dia consiga por em 'papel' qualquer coisa que se assemelhe ao que sinto, muito menos quando o que mais me perturba é 'porquê continuar assim?' e, 'porque não ir viver para a Gronelândia?'. Ok, ok... a verdade é que só considerei a Gronelândia agora mesmo, (mas também deveria ter um desconto... estive três minutos a ouvir 'A Vida é Bela'). E mesmo não sendo a Gronelêndia 'per si', a ideia deu para perceber (acho).
Porque é que ando tão (mais do que o usual), estranha? Quero férias!
(Ups! Estás de férias... não estás? 'Não, parece.')

Definição

Introdução Linguística. Ser, como verbo e nome, corresponde a einai, esse, essere, être, to be e being e sein. Em todas essas línguas ser exerce a dupla função de verbo absoluto e de verbo cópula. É ao mesmo tempo estado e conteúdo de sua função lexical. Nesta acepção, diz-se que Ser é um verbo de existência. Ser tem sido um tema dominante da filosofia contemporânea devido, respectivamente à denúncia heidegeriana do esquecimento do Ser.
Ser é o estado do que é. O que é o ser senão o regente do verbo ser, e que recebe tudo que é por ele predicado.
Ser refere-se ao vivente simples ou multiplo. Pode pertencer ao dominio fisico ou do espirito. Diz dos seres animados e inanimados e de suas relações.
O ser é tido na psicologia
como consciente, mas também como ser animico ou instintivo.

(from WIKIPÉDIA)






E teimo em não deixar que me essinem a SER.

sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

Entendes?

Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Ricardo Reis






OPRIME-NOS.
Entendes?
Fui confirmar ao dicionário. Era mesmo isso.
Tiranizar, afligir, apertar!
Corta a vida, o sopro do coração.
Entendes?
Entendes-me?
Tenta perceber o porquê de tudo isto.
Tenta perceber porque fujo desse mundo... porque uso todas as defesas possíveis e imaginárias.
Eu não sei gostar, não consigo aprender... e tu nunca mo ensinaste.