terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Irónico?
Rascunhei aqui e ali tanta coisa sobre ti, sobre a nossa aventura... Olhando para trás nem rascunhei assim tanto, porque o tempo, esse doido fugidio, essa areia mais fina que as cinzas em que me deixaste, o tempo que tivemos preferi gastá-lo contigo, e preferi bem.

Há toda uma quantidade de coisas que gostava de rascunhar, mas de facto é tudo mais ou menos isto:
Dizem que existem 5 fases numa perda, foi uma psicóloga (Elisabeth Kubler-Ross) que as sugeriu (uma mulher, wow). São estas:

1. Negação
2. Raiva
3. Negociação
4. Depressão
5. Aceitação

E é basicamente isto, mas revisitado... inúmeras e repetidas vezes (permite-me o pleonasmo).
Podes dizer sem mentir que estivemos assim nos últimos meses. Podes dizer em verdade que mergulhámos nisto algumas vezes, e que conseguimos voltar à superfície encher os pulmões de ar.
Posso dizer honestamente que se quisesse manter a negociação, sei (não tão bem quanto pensava, mas sei) como te derreter e manter em suspenso a tua determinação pela racionalidade (pelo menos na teoria, a tua racionalidade).
Não faço ideia em que fase estou agora, nem sequer se estou a fazer avanços até ao final. Se às vezes penso que aceitei a (so called) realidade, depois vou dormir e encontro-te por lá perdido, sem saber bem que papel fazer. Se por dezenas de minutos seguidos tenho a vontade de te aceitar porque és especial (no matter what) e és alguém que quero ter na minha vida para sempre como um grande amigo, sem confusões no meio, depois desejo que ambos cedamos à tentação, porque afinal tens uma covinha no peito que é minha, e o ritmo do teu coração é uma melodia que não tenho forma de gravar.
A fase da depressão? Desta vez fintei-a da maneira que pude, e o técnico salvou-me a pele (até ao momento). Mas essa fase é a mais astuta, escorregadia e traiçoeira. Sei bem que está ali a espreitar na porta do quarto, só não a vejo porque gosto da iluminação pontual, e a entrada está escura daqui de onde te escrevo.
Não as vou enumerar todas, as fases. Estão ali acima, de certeza que quando as leste (sim, não te vou escrever efectivamente, mas na eventualidade) também tu relembraste muito do que passámos. Porque a perda não foi só minha. Que crianças que éramos no início de tudo, e que muito ficou por aprender.
Não sei onde estou.
Quero cair no mesmo erro de sempre, mas não quero. Não quero.
Quero cair no mesmo erro, mas com uma nova vítima. Fiquei viciada, contigo.


E tu? Meu para sempre olhos-dourados...