quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Quinto Império

Triste de quem vive em casa,
Contente com o seu lar,
Sem que um sonho, no erguer de asa,
Faça até mais rubra a brasa
Da lareira a abandonar!

Triste de quem é feliz!
Vive porque a vida dura.
Nada na alma lhe diz
Mais que a lição da raiz -
Ter por vida a sepultura.

Eras sobre eras se somem
No tempo que em eras vem.
Ser descontente é ser homem.
Que as forças cegas se domem
Pela visão que a alma tem!

E assim, passados os quatro
Tempos do ser que sonhou,
A terra será teatro
Do dia claro, que no atro
Da erma noite começou.

Grécia, Roma, Cristandade,
Europa - os quatro se vão
Para onde vai toda a idade.
Quem vem viver a verdade
Que morreu D. Sebastião?

Fernando Pessoa, Mensagem



Não é possível dissecar coisas transcendentes.
Mas o programa do ministério insiste em que tentêmos fazê-lo.
E nós temos de fazer os que os senhores mandam, se não, qual pirraça de criança, não podemos continuar a busca do Quinto Império que cada um tem em si, que é pessoal e colectivo, transmissível e intransmissível, subjectivo e objectivo. Que é o que a motivação de qualquer um o faz ser.
Tenho de voltar à tortura que é o esventrar a que o programa de português nos obriga.

A obra acima é...
Algo que está para além do que quaisquer palavras possam definir.