domingo, 14 de outubro de 2007

Há dias... (II)

Há dias que gosto de estar sozinho,
De não ver ninguém, não ouvir ninguém.
Hoje é um desses dias.
Tudo o que me rodeia é cinzento.
Talvez do dia ser de cinza,
Talvez do meu estado de alma.
Sinto-me só, sem ninguém
E falo com tanta gente todos os dias.
Às vezes pedem-me um poema.
Eu faço-o como sei, como o sinto
(Toda a gente faz como sabe, é óbvio).
As pessoas hoje em dia
(Salvo raríssimas excepções)
Só sabem receber, não sabem dar,
E sabe tão bem uma palavra tão simples!
Hoje estou nos meus dias cinzentos.
Triste, só, falando com muita gente.
Não me digam nada, que eu não oiço ninguém!

Deixem-me gozar tristemente a minha tristeza.

Santos Almada - Abril de 87







Mas os Amigos são para isso.
Para nos obrigarem a partilhar alegremente o gozo da própria tristeza.
Os Amigos e as Concertadas, (mesmo que concertadazinhas).

E depois as coisas parecem menos cinzentas.
E até se ganha um sorriso, e se realiza a sorte Enorme que se tem, e os minúsculos problemas que se criam.