quinta-feira, 7 de setembro de 2006

E o que foi feito de Mim.

“ Dou comigo na corrente
Desta gente que se arrasta.

Um dia-a-dia sem sentido.

E o que foi feito de mim. “


Seja qual for o receptor desta carta vazia, seja qual for a direcção deste envelope translúcido; que se saiba que não assinei de livre vontade.
A vida obrigou-me. A rotina assassinou a originalidade, e não pude escolher outra cor que não o cinzento.
Não tive tempo de rever as frases em branco, não pude estudar o vocabulário. A caligrafia não é a minha.
Tenho o corpo dormente, a verdade é essa.
A mente em febre mortal!
Foi fácil... oh que lamentações!
Foi tão fácil pôr-me neste estado de não-ser.
Tomaram o que por fora ainda sobrava de mim, tomaram o meu nome. ( De que servirão? )
E agora querem fazer-me crer que voltei. Querem dizer-me que isto sou eu.
Não quero acreditar, mas tenho o corpo dormente e a mente em febre mortal e dói, mas dói tanto procurar uma saída desta prisão que dizem ser eu.
Mas eu não era assim. Nunca fui esta existência!
Mas tenho o corpo dormente e a mente em febre mortal, e, por enquanto, dói menos acreditar no que me dizem.